Virei-me sobre a minha própria existência e contemplei-a
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza."
(Cecília Meireles, Noções)

sábado, 12 de setembro de 2009

Flores no asfalto.

"Toda mulher gosta de rosas". Eis o verso de uma canção curiosa. Eu adoro rosas, apesar de que recentemente tenho considerado a hipótese de que elas podem não ser mais minhas flores favoritas. Que tal os girassóis, os cravos, as gérberas?
Seguia eu para o centro na sexta-feira. Fila de carros no engarrafamento sempre nos atormentam na Lagoa. Atrocidades automobilísticas nos tiram do sério. Carros lerdos nos levam a loucura. Então, descendo o Rebouças e direção a Laranjeiras eu as vi de relance, montes de dentes de leão ao lado da estrada, desafiando o asfalto. Queria saber o motivo que os floristas tem para não vender buquês de dente de leão...
Eu adoraria receber um enorme buquê dessas flores que carregam a alegria de forma tão especial e diferente. Quer sorrir? Sonhar? Divertir-se? Tudo em um sopro, ao lado da estrada, descendo o Rebouças depois de um dia atribulado. Então fechei os olhos, soprei as flores em minha mente e sorri.
Flores são sorrisos disfarçados.

sábado, 5 de setembro de 2009

Descoberta...

- A gente descobre enfim...
- o que?
- descobre que descobrir a vida é a melhor das jornadas, e que descobrir é algo que simplesmente acontece.
- E o porquê?
- Isso deixamos de lado. Descobrimos a vida, o outro e a jornada. Razões e contradições a gente aprende a esquecer.
- Meu orkut disse que felicidade é isso. "Boa saúde e uma boa dose de esquecimento"
- Seu orkut está equivocado. Felicidade é descobrir como esquecer certos esquecimentos. Esquecer por esquecer é morte.
- mas você disse...
- Eu disse que a gente descobre enfim que a memória é vida. Descobrir a vida também é recordar.
- Mas o orkut...
- Quem se importa? a vida acontece fora das telas, o que uma página de internet com uma sorte aleatória pode saber da descoberta?
- Essa é descoberta que vale um milhão de dólares...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Felicidade

Então o Seminário de Iniciação Científica começa, e na terça é minha vez de falar. Com as mãos suando e o corpo tremendo até a alma coloco-me frente a um microfone com medo tamanho que nunca senti. Ser a primeira a falar tem suas vantagens e desvantagens, naquele momento eu só fiquei feliz porque o auditório estava quase vazio. Quando terminou fui invadida por uma enorme felicidade, mesmo assim, ainda tremia. Enquanto eu me preparava para prosseguir assistindo meus colegas eu me sentei ao lado de uma professora querida e especial. Ela foi minha professora no primeiro semestre e agora no quinto, nós nos encontramos outra vez. Ela olhou para mim simpática e comentou que era bom ter ao lado dela uma companhia tão simpática, então ela continuou:
- você está muito feliz né? - apesar da surpresa e do medo que senti ao ouvir aquela pergunta eu sorri de volta e disse que sim, eu estou muito feliz. Ela sorriu e respondeu;
- que bom! Nota-se!!
Depois de uma pausa ela prosseguiu - você floresceu desde o primeiro semestre.
Eu gostei da afirmação é claro, é muito bom florescer.
Então eu pensei em algo tão crucial, da onde vem essa felicidade e porque eu andava triste antes?
Acho que como diria uma pequena frase da minha adolescência "a questão é manter a mente quieta, a espinha ereta e coração tranquilo". Afinal, não adiantaria nada ter todos os motivos para ser feliz e manter o rosto fechado e pesado. Mas estou feliz sem motivo e esse é o melhor motivo para se estar feliz.