Virei-me sobre a minha própria existência e contemplei-a
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza."
(Cecília Meireles, Noções)

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

E a saudade aperta...

Hoje eu estava na aula de francês quando recebi a mensagem dela. Algo singelo, apenas para me dizer para onde estava indo e o que estava indo fazer. Informação não requisitada. Mas, ela está à 18 horas de distancia e por isso, a mensagem se torna especial. É uma forma de estar presente ainda que distante, uma forma de sentir saudade. Dói, mas dói diferente, como se por um minuto ela ainda morasse aqui do lado, ainda estivesse noiva, eu solteira e eu estivesse agora voltando da casa dela dentro do gol branco com cachorrinho no painel, chorando mais uma vez porque o Felipe não gosta de mim ou porque ele não responde meus scraps. As circunstâncias mudam, ela agora está na Bahia, casada e eu no Rio de Janeiro, namorando o Felipe, mas quando recebo uma mensagem, um telefonema, um e-mail, por um instante eu percebo que a amizade não muda, ou melhor, muda, cresce. E isso torna tudo ainda mais belo.
Sou do tipo que não fujo do contato, amo estar de corpo presente com os amigos. Mas, na ausência de tudo isso, surge na cabeça o hilário jargão "faz um 21" e eu faço. Ligo, mando mensagem, e como sou das antigas, mando cartas. É o que farei amanhã, vou até o correio enviar cartas, fotos, e um presente. E enquanto eu planejo o próximo encontro, estou certa de que sou feliz.
Como diria o meu pequeno amigo príncipe, 'se vens às três da tarde, desde às quatro eu começarei a ser feliz', mas a verdade é que a possibilidade do encontro me faz feliz, com ou sem hora marcada, basta-me saber que em breve - porque o tempo passará rápido - estaremos mais uma vez vendo e ouvindo o sorriso uma da outra e será como sempre foi. E é assim que deve ser, amigos verdadeiros seguem juntos, esperando e planejando o próximo encontro, sabendo que como disse o poeta 'a vida é a arte do encontro' e eu deixo o desencontro de lado, pensando apenas no próximo abraço amigo que nos espera para quando nos reencontrarmos.