Virei-me sobre a minha própria existência e contemplei-a
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza."
(Cecília Meireles, Noções)

terça-feira, 8 de março de 2011

Incandescer...

“Esse foi um beijo de despedida
Que se dá uma vez só na vida
Tudo bem se não deu certo
Eu achei que nós chegamos tão perto
Mas agora com certeza eu enxergo
Que no fim eu amei por nós dois”
(Você vai lembrar de mim, Milton Guedes)

Olhei-me virar para segurar o choro
Na despedida da alma sempre se chora um pouco
No descolar de corpos
Separar de abraços
Estar só
Movimento inevitável da vida
Somos solidões indecifráveis
E sempre chegamos tão perto
De viver
De explodir em amor
Mas estamos sós
E não há o que possa impedir
Todos os beijos são de despedida
Que se dá uma vez só na vida
São gritos de socorro desesperados
Como quem pede redenção
Para que alguém entre pela porta
E nos livre da solidão
Na despedida das almas
No descolar das vidas
Separar das palmas
Descobrimos enfim
Estamos sós
Eis a vida cirandeira 
Os abraços ainda que apertados
são suas incandescências passageiras.

(Ag)