Virei-me sobre a minha própria existência e contemplei-a
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza."
(Cecília Meireles, Noções)

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Filosofias de uma noite de insonia


Eu acho que me perdi em algum lugar do tempo e do espaço. E de certa forma eu quase acredito que sou melhor perdida do que encontrada.
Todas as estrelas que enchem o céu brilham diante dos meus olhos. Isso não faz sentido, assim como também é irracional ser eu melhor como perdida do que como encontrada.
Entretanto, todas as certezas do estar encontrada fazem de mim algo que não. Eis então que me perco e então eu sou o que sou, mesmo que em tantos momentos eu não lembre quantos anos tenho. Isso não importa mais. Estou viva, e perdida dentro de mim, descobrindo um mundo de infinitas possibilidades para tudo que posso ser. Gosto de mim assim, sendo um pouco de tudo e de todos, sendo por fim eu mesma. Ainda que não possa dizer de forma precisa o que isso significa. Eu não acredito que a alegria tenha desistido de mim, mas em alguns momentos, eu desisto dela sem medo.
E então eu me vejo nos meus olhos, nos dele e nos de tantos que eu amo com tudo em mim. Amar é o que me define. O amor não desiste de mim assim como eu não desisto dele. Vivemos um eterno estar juntos, contando regressivamente e infinitamente como se cada dia fosse a última oportunidade de amar.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Ser aluna

Ela foi minha professora no primeiro período e encerrou o ciclo no quinto quando eu fui sua aluna pela última vez. Aluna de sua última turma.
Lhe escrevi um pequeno bilhete. Pequeno mesmo, ainda mais quando comparado ao carinho que sinto por ela. Ela me abraçou por fim para despedir-se e agradeceu o bilhete. Então eu lhe disse olho no olho
"Foi uma honra ser sua aluna". Faz bem dizer olho no olho como as pessoas são importantes. Me fez bem dizer para ela essa pequena frase que quase resume tudo. O amor que sinto pela PUC foi inspirado por ela, a paixão pela sala de aula foi alimentada por ela. O curso não seria o mesmo sem ela, a História não seria a mesma sem ela, eu não seria a mesma sem ela.
Então com nosso último diálogo ela me ensinou e me lembrou que é crucial estar sempre aberto para aprendizagem.
Ela me olhou por fim nos olhos e disse: "Foi uma honra para mim ser sua aluna"
Minha alma sorriu, meu coração chorou. Emocionei-me docemente.
E emocionar-me é algo que ela sempre fez. Não a esquecerei. Faz parte de mim.
Sigo então aprendendo