Virei-me sobre a minha própria existência e contemplei-a
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza."
(Cecília Meireles, Noções)

domingo, 4 de julho de 2010

Digressões...

Logo eu que sou tão crédula, quase desisto tantas vezes de acreditar. Como se o amor esperasse pela minha fé para depois existir. Espera, em suspenso espera. E não temos sucesso, nem eu em acreditar, nem mesmo ele em esperar. Pois não se fez para acreditarmos nele. Ouço tanta coisa, tinha tantos sonhos, vivia tanta vida que é quase mais fácil desistir. Às vezes minto para mim e para o amor em si. Mas não acreditamos em mim, nem eu e nem ele. Acreditar é uma luta, lutar por ele é uma escolha, amar para sempre é minha utopia diária, ou minha morte constante. Amor e morte andam juntos.
Amar é um morrer-se diário, um suicídio talvez, uma morte consentida. A minha, a minha, sempre a minha.
Uma escolha acima de crença. Um passo de fé. Escolher a utopia é escolher sacrificar-me.
E se não me disponho a morrer, como poderia me propor a amar?