Virei-me sobre a minha própria existência e contemplei-a
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza."
(Cecília Meireles, Noções)

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Resenhas

Eu e Roberta em amigo oculto PET.

Sempre fico até tarde na Faculdade. Chego por volta das 7 da manhã, saio por volta de 9 da noite. Gosto de estudar na biblioteca. Normalmente tenho pausa, vou para o remo, volto. Estudo melhor na biblioteca, o que implica em carregar algum peso em certos momentos.      
Normalmente esbarro em alguns amigos enquanto estudo, às vezes até marcamos de lanchar depois de algumas horas de estudo, mas nada nunca é como foi hoje.
Roberta resolveu ficar hoje enquanto esperava para ir até Ipanema. Sentamos então, uma de frente para outra, eu estava melhorando minha resenha, ela estava lendo o livro da dela. Rimos então. Verdadeiras gargalhadas enquanto ela falava mal do livro dela e eu comentava da professora biruta que mudou o dia do seminário.
Segunda-feira é normalmente um dia muito cansativo chato, mas hoje o riso em conjunto tornou-o alegre.                    
Agora ela foi embora para o seu compromisso, e eu tenho novo ânimo para continuar a corrigir minha resenha.
Amigos fazem diferença nos momentos mais inesperados. E a alegria é um excelente combustível para uma segunda-feira chuvosa.
Enquanto escrevo minha resenha proponho um brinde a amizade.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Fotografia

E chega um ponto que eu paro de contar. Toda a dor de saudade e a pior face da ausência estão juntas dentro de mim. Sempre houve saudade e ausência, mas existia a esperança do reencontro. Em nossa eterna solidão o que nos mantém vivos é a esperança em esbarros e encontros.  Quando vem a despedida percebe-se enfim que a vida é curta.
A vida é curta demais para amar de menos. A vida é curta demais para se dar o luxo de não falar o que é realmente importante, curta para guardarmos em nós os abraços, os sorrisos, as pequenas demonstrações de amor.
E agora vem todas aquelas idéias na cabeça sabe? As mesmas de sempre...
“Eu deveria ter ligado, deveria ter mandado uma carta, contado como era importante.”
Mas a vida é curta e o futuro é incerto.  Fica aqui o não dito, a ausência, a saudade irreversível.
Quando ela se foi eu procurei pela casa toda a maldita fotografia com ela. Tive medo de esquecer o rosto dela.  Que saco, dói demais.
Mas eu não achei o retrato. Então ontem, eu cheguei em casa como sempre atolada e correndo. Larguei tudo e fui para o ensaio sem a menor vontade. Não prestei atenção em nada. Quando voltei e sentei em frente ao computador continuei sem perceber. A vida corrida rouba com vontade os detalhes. Então eu parei por dois minutos de trabalhar como uma louca em algum projeto urgente, levantei meus olhos e lá estava. Minha mãe achou a fotografia e fez o favor de prender no meu quadro imantado. Chorei. Sorri. E senti toda a saudade e a dor que eu enterro todo dia bem no fundo da minha alma. Quantas vezes eu passo correndo pelas pessoas como passei pela fotografia. A vida é curta demais.
E chega um ponto que eu paro de contar os dias de ausência, os meses desde a notícia da morte. A vida é curta demais. Transformo a maldita fotografia em meu ‘wake up call’. Para lembrar que a minha existência é insignificante e guardar as palavras de amor é uma tolice sem igual.
Sempre vou sentir saudade, mas a vida também é curta para sentir culpa. E a foto fica ali olhando para mim, eu amo e sou amada. No final das contas é isso que importa.  Como ela sempre dizia quando nos dava aula: ‘pequeno, mas precioso’.
(Que saco, dói demais.) 

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Sobre amizade...

Ela só faltou colocar uma arma na minha cabeça, mas fez pior. Todo tipo de tortura emocional é pior do que arma, soco, do que qualquer dor física. É a alma que sangra, e sangra muito.
Cismou que eu preciso confiar, que preciso me abrir, que ela tem que ser única, especial,  a perfeita amiga magnífica. Primeiro eu senti culpa, depois dor, e por fim senti raiva.
Raiva daquelas profundas, que grudam, ficam e eu tenho até medo de esquecer que amo de tanta raiva que sinto. Confiança não é algo que se exige com socos e pontapés. Não se coloca arma no rosto de alguém dizendo: "confia em mim". Faz-se isso para roubar seus bens, para aumentar o medo, para destruir o encantamento da amizade. Relacionar-se é aprender a dançar respeitando o ritmo do outro. Isso é amizade, é namoro, é casamento: uma dança que se aperfeiçoa com o tempo.
Não é simples, ainda que seja sempre um movimento repleto de simplicidade e singeleza. É um afinar de silêncios. Gentilmente respeita-se o outro, seus olhares e escolhas. E vê-se o esboço do sorriso, da lágrima ou da gargalhada. Conhecimento.
Nesse eterno jogo de memória e esquecimento, tantas vezes apaga-se o crucial e louva-se o superficial.
Para viver é preciso tempo, para amar é preciso vida. Nenhuma das duas coisas se faz no estalo da combustão espontânea. Se retirarmos isso, o movimento fica incompleto, pelo menos comparado com uma dança verdadeira.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Silenciosamente



Foto: Agnes Alencar

E no chão, a beleza.
Vida silenciosa aguarda a simplicidade
Espera pelo tipo de riso descompromissado
que se torna feliz com flores no chão,
com a delicadeza e a sutileza da pequenez infinita