Virei-me sobre a minha própria existência e contemplei-a
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza."
(Cecília Meireles, Noções)

domingo, 23 de outubro de 2011

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Celebrações...

Eu acredito que existem diversas formas de se estar no mundo, diferentes maneiras de amar e ser amado, distintas configurações das leituras de mundo. Eu acredito que a vida deve ser sempre celebrada. Sou – até certo ponto – do tipo ‘vamos celebrar?’
Celebro a nova faculdade da irmã, a nota alta em alguma matéria, celebro as amizades, a família...
Gosto muito de celebrações.
Quando eu perco a vontade de festejar em conjunto a felicidade, os anos ou a vida é sinal de que algo não vai bem.  Esse ano foi um daqueles anos... Em que o aniversário chega e eu me pergunto: ‘e daí, comemorar pra que’? Mas existem diversas formas de amar alguém.
Celebrar a vida em conjunto é também uma forma de amar as pessoas.
Sábado passado eu recebi um grupo de amigos na minha casa. Foi interessante. Jogamos dois jogos – ninguém ganhou ou perdeu – rimos, falamos sério, falamos alto, gritamos, cantamos parabéns e nos abraçamos. Foi simples, mas fabuloso. A vida em geral é assim. 
É uma demonstração de amor – eu aprendi – dizer: “hey, vamos celebrar a minha vida comigo?!” pode ser outra forma de dizer eu te amo. Eu aprendi recentemente que essas três palavras podem assumir diversos contornos e sentenças.
Todavia, celebrar a vida em conjunto é também ser amado. E receber às vezes é tão difícil.
Esse ano ainda é eco do ano passado. A saudade latente, a ausência muito presente e o vazio deveras notório. Sinto falta do primo. Desde o momento em que ele voltou a morar no Rio não perdeu nenhuma das minhas muitas celebrações. Inclusive, uma das minhas melhores lembranças foi justamente um dia em que estávamos em restaurante celebrando meu aniversário. Este ano, ele não esteve comigo, e ele fez falta. E então eu pensei ’23 anos, é daí?’
A verdade é que quando a gente convida alguém para celebrar a nossa vida conosco sempre pode acontecer da pessoa não estar nem aí para sua vida, para sua celebração e até para você. Pode acontece de ela virar para você e dizer que você não merece a amizade dela – sim, eu já ouvi isso. E aí você descobre que o seu sonoro eu te amo não faz a menor diferença, e isso assusta. Ou então, seus amigos aparecem, comemoram, abraçam, cantam e riem. Eles também estão dizendo eu te amo. E é tão bom ouvir isso. É uma forma deliciosa de se estar no mundo. Então, de noite, quando a celebração acaba, todos vão embora e você fica só, você pode até pensar no primo e deixar cair uma ou duas lágrimas, entretanto, fica marcado a resposta dos amigos que diziam em coro um sonoro “eu também amo você, vamos celebrar a sua vida”? No final do dia isso é tudo que importa, e eu vou dormir com um sorriso no rosto. 

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Segredos

"My memory is cruel
I'm queen of attention to details
Defending intentions if he fails
Until now"

(Sara Bairelles)

Não vá contar...
sobre a dor profunda
da existência insistente
Cante...
sobre a alegria indizível
da presença
da ausência
do abraço...
mas cante com meus olhos...
a verdade de um amor 
que de tão sincero faz chorar
de um mergulho que de tão intenso
não tem volta
e o melhor é não ter volta...
amar deve ser uma estrada sem retornos...

terça-feira, 8 de março de 2011

Incandescer...

“Esse foi um beijo de despedida
Que se dá uma vez só na vida
Tudo bem se não deu certo
Eu achei que nós chegamos tão perto
Mas agora com certeza eu enxergo
Que no fim eu amei por nós dois”
(Você vai lembrar de mim, Milton Guedes)

Olhei-me virar para segurar o choro
Na despedida da alma sempre se chora um pouco
No descolar de corpos
Separar de abraços
Estar só
Movimento inevitável da vida
Somos solidões indecifráveis
E sempre chegamos tão perto
De viver
De explodir em amor
Mas estamos sós
E não há o que possa impedir
Todos os beijos são de despedida
Que se dá uma vez só na vida
São gritos de socorro desesperados
Como quem pede redenção
Para que alguém entre pela porta
E nos livre da solidão
Na despedida das almas
No descolar das vidas
Separar das palmas
Descobrimos enfim
Estamos sós
Eis a vida cirandeira 
Os abraços ainda que apertados
são suas incandescências passageiras.

(Ag)


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Gravity

"You loved me 'cause I'm fragile. 

When I thought that I was strong.
But you touch me for a little while 

and all my fragile strength is gone"
(Gravity - Sara Bareilles)

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Leitura

Todo livro é uma jornada pessoal, uma viagem bela rumo ao infinito. É impossível prever o final, é disparate calcular o destino.
Eis um momento único de estar com as letras, as cores, os cheiros e ter a certeza de que tudo pode mudar em apenas um segundo, basta virar a página.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Saudade


"se apenas uma escolha me restasse,
eu levaria o pôr-do-sol,
ou se uma só herança me bastasse,
um rouxinol
que cantasse a dor das distâncias
e curasse essa saudade
a me invadir enquanto eu canto,
sobretudo quando chove."

(Gerson Borges)