Virei-me sobre a minha própria existência e contemplei-a
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza."
(Cecília Meireles, Noções)

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Celebrações...

Eu acredito que existem diversas formas de se estar no mundo, diferentes maneiras de amar e ser amado, distintas configurações das leituras de mundo. Eu acredito que a vida deve ser sempre celebrada. Sou – até certo ponto – do tipo ‘vamos celebrar?’
Celebro a nova faculdade da irmã, a nota alta em alguma matéria, celebro as amizades, a família...
Gosto muito de celebrações.
Quando eu perco a vontade de festejar em conjunto a felicidade, os anos ou a vida é sinal de que algo não vai bem.  Esse ano foi um daqueles anos... Em que o aniversário chega e eu me pergunto: ‘e daí, comemorar pra que’? Mas existem diversas formas de amar alguém.
Celebrar a vida em conjunto é também uma forma de amar as pessoas.
Sábado passado eu recebi um grupo de amigos na minha casa. Foi interessante. Jogamos dois jogos – ninguém ganhou ou perdeu – rimos, falamos sério, falamos alto, gritamos, cantamos parabéns e nos abraçamos. Foi simples, mas fabuloso. A vida em geral é assim. 
É uma demonstração de amor – eu aprendi – dizer: “hey, vamos celebrar a minha vida comigo?!” pode ser outra forma de dizer eu te amo. Eu aprendi recentemente que essas três palavras podem assumir diversos contornos e sentenças.
Todavia, celebrar a vida em conjunto é também ser amado. E receber às vezes é tão difícil.
Esse ano ainda é eco do ano passado. A saudade latente, a ausência muito presente e o vazio deveras notório. Sinto falta do primo. Desde o momento em que ele voltou a morar no Rio não perdeu nenhuma das minhas muitas celebrações. Inclusive, uma das minhas melhores lembranças foi justamente um dia em que estávamos em restaurante celebrando meu aniversário. Este ano, ele não esteve comigo, e ele fez falta. E então eu pensei ’23 anos, é daí?’
A verdade é que quando a gente convida alguém para celebrar a nossa vida conosco sempre pode acontecer da pessoa não estar nem aí para sua vida, para sua celebração e até para você. Pode acontece de ela virar para você e dizer que você não merece a amizade dela – sim, eu já ouvi isso. E aí você descobre que o seu sonoro eu te amo não faz a menor diferença, e isso assusta. Ou então, seus amigos aparecem, comemoram, abraçam, cantam e riem. Eles também estão dizendo eu te amo. E é tão bom ouvir isso. É uma forma deliciosa de se estar no mundo. Então, de noite, quando a celebração acaba, todos vão embora e você fica só, você pode até pensar no primo e deixar cair uma ou duas lágrimas, entretanto, fica marcado a resposta dos amigos que diziam em coro um sonoro “eu também amo você, vamos celebrar a sua vida”? No final do dia isso é tudo que importa, e eu vou dormir com um sorriso no rosto. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário